sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007
Toulouse - Loutrec...um grande gênio
Toulouse - Loutrec
Henri-Marie-Raymonde de Toulouse-Lautrec-Monfa é um nome bastante complicado por si só. Não seria surpreendente esperar uma personalidade igualmente complicada para o portador desse nome e foi assim que aconteceu. Toulouse-Lautrec nasceu em uma pequena cidade na França no final do ano de 1864. Nasceu rico, em uma família aristocrática e recebeu uma educação primorosa que incluía artes e esportes. Interessou-se pelos esportes mais do que pelas artes, entretanto, aos 14 anos sofreu um acidente e quebrou o fêmur esquerdo. Poucos meses depois outro acidente quebraria o outro fêmur. Jamais conseguiu recuperar-se e ficou com as pernas deformadas e atrofiadas. Morria um esportista e nascia um artista.
A deformação nas pernas o deixou claudicante, com dificuldades de locomoção e a sua pintura transmite bem a angustia que sentia com isso. Os seus quadros raramente mostram as pernas dos personagens e mesmo transmitindo uma idéia de movimento, essa limitação é assumida como parte do seu comportamento como pintor. Tornar-se pintor já foi um ato de luta contra a família que o queria bacharel. Conseguiu a formatura mas dedicou-se a arte. De temperamento determinado foi um impressionista em um ambiente clássico, deixando de lado a orientação do seu mestre. Conheceu van Gogh e isso ajudou-o a definir melhor o seu estilo.
Loutrec era um farrista. Contra tudo o que lhe ensinavam passou a desenhar cartazes em detrimento da pintura clássica do óleo sobre tela. O seu tema principal eram os personagens da vida noturna de Paris, seus freqüentadores ilustres e as prostitutas, com quem convivia intimamente. As cenas dos bares e da vida mundana repetem-se em sua obra. Quando criticado sobre isso dizia: "não reclame se fico entre essas moças no cabaré, pois o senhor as têm em casa". Mesmo os retratos, aparentemente de pessoas muito ilustres, freqüentemente eram apenas personagens da vida noturna, farristas iguais a ele. Com o tempo entregou-se ao álcool e tornou-se um dependente da bebida. Todas as tentativas para deixar de beber fracassaram. O seu estado de saúde foi deteriorando-se até leva-lo a morte.
Os seus cartazes o imortalizaram, numa época em que isso era um trabalho diferente. Deixou de lado as paisagens, tema mais comum aos impressionistas, e dedicou-se ao ambiente interno e fumacento dos bordeis, dos prostíbulos e casas de shows de Paris. Esse era o ambiente da sua intimidade e de toda a sua vida. Sua inteligência ferina não conseguia esconder o seu sofrimento com a deformação física e aos poucos foi afundando em seu próprio temperamento tumultuado e inconformado.